quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Fútil eu?


O que há de mais fútil no Salão do Automóvel?

Os carros ou o glamour das modelos?

Sinceramente devo dizer que trabalhar no Salão não é só uma experiência cansativa, e desgastante, mas acima de tudo completamente fora da realidade.

Para aproveitar melhor minhas oito horas de trabalhos diários para os 11 dias trabalhados, resolvi descobrir o que realmente interessa no meio da futilidade: Os brindes!!

Pra começar, acho uma injustiça que se desenvolvam guias para o que você pode ver de carros em destaque e de estands com as mulheres mais bonitas, mas não haver o guia mais útil de todos, que é o que você de fato leva pra casa?

Em primeiríssimo lugar esta o estande da Volks que arrasou! Sim porque carro mesmo só os fanáticos, o resto esta ali de alegre, e alegria era o que não faltava na Volks. Não eu não trabalhei pra eles, não estou ganhando pra dizer isso. A verdade é que eles montaram um teatro, com uma super infra-estrutura para receber nada mais nada menos do que Fernanda Porto, Zélia Duncam, Paula Lima e Roberto Frejat. Só o show com 5 músicas valia o preço do ingresso. Cada dia um convidado, adorei! Fora isso havia um show com saxofonistas, dançarinos, cantores, enfim, festa a cada uma ou duas horas. Sem contar o espaço mulher que te dava um curso de maquiagem, e um desfile com um modelito para cada carro da marca.

Então na soma dos brindes, levei da Volks um New Beetle de pelúcia, uma caneca, uma plantinha pingente de celular, uma garrafinha de água em miniatura, uma cruzadinha e caça palavras, uma bolsa linda, uma máscara de cílios e gloss da Natura, e de quebra sambei com a Paula Lima no palco, e esta filmado pra não dizerem que é mentira!

A MTV me deu uma camiseta patrocinada pela Fiat, e um boné. A AMW um chaveiro de rodas, a Wendlers uma caneta bonita, a Alcântara Machado um bottom do símbolo do Salão do Automóvel. Tudo chegou a mim porta adentro do meu estande sem que eu fizesse nenhum esforço, o que foi ainda melhor!

Só faltava mesmo o kit de maquiagem Max Love dado pela Transamérica, caso o visitante fizesse um strike num simulador de boliche. Esse brinde tava difícil de sair. Fiquei sabendo dele no penúltimo dia, e não estava mais disponível. No domingo, pedi aos meninos do meu estande para tentar ganhar o kit, mas o pessoal lá não estava muito a fim de doações. O que eu fiz? Fui buscar pessoalmente! Peguei a fila, fiz o strike de primeira e levei o kit, apesar da moça querer me dar ingressos para o Hopi Hari!

Moral da história: Existem as coisas que vem até você, e as que você tem de buscar por si só!
De fútil por fútil melhor aproveitar!!

domingo, 26 de outubro de 2008

Eleições 2008: foi bom pra você?



Domingo, 26 de Outubro de 2008, Segundo turno das eleições, São Paulo, 7:00hs.

Nas ruas, tem os que acordaram cedo pra votar, seja porque vão saltar de pára-quedas mais tarde, seja porque esta a caminho do futebol, seja porque é acelerado mesmo, centenas de pessoas fazem fila do lado de fora das escolas para decidir o futuro político da cidade.

Entre esses que madrugaram no domingo, DIA DE DESCANSO, estou eu e milhões de infelizes que estão acordados, ou nem dormiram, por obrigação de trabalhar como mesário nas eleições.
Sim nós pobres escolhidos, que meses antes das eleições, alem de suportar a “encheção de saco” do horário eleitoral gratuito, ainda leva de brinde uma cartinha da justiça eleitoral convocando pra participar como mesário das eleições.

E nem me venhas com, “Ah vai, não é tão ruim assim”, “Até que passa rápido” ou mesmo “Você ganha até R$15,00” que não me convence de que estou fazendo algo produtivo, muito pelo contrário, porque se no primeiro turno estava chovendo eu queria dormir, no segundo estava sol e eu queria ir pra piscina. Seja como for, o tempo não passa, o cachorro quente é sem graça, o suco é tang, e água de bebedouro de escola pública ninguém merece!

Sem contar que você precisa arrumar assunto pra conversar com mais três desanimados que como você não queriam estar ali, e vão passar em media 7, das 8 horas de trabalho reclamando.

Claro que não é o fim do mundo, mas também esta bem longe da sonhada democracia. Pra mim funciona assim: cidadão que quer votar vota, se não quer não vota! Se o governo precisa de trabalhador pra receber os que querem votar, paga horas trabalhadas! É justo! Mesmo porque autônomos como eu não ganham dias de folga, professores de escola particular como minha presidente também não, ou funcionário de empresa como o primeiro secretario e primeiro mesário, não podem nem apresentar a cartinha de direito a folga que são demitidos com a alegação simples que diz:

“E o que eu tenho a ver com isso?”

Nada realmente, e o que EU TENHO A VER com trabalhar pro governo de graça? Vamos trocar meus quinze reais do domingo pelo seu salário da segunda?

Não bastando esse ano eles colocaram na pastinha que contem todas as informações sobre a urna eletrônica, um envelope endereçado a nós trabalhadores do Brasil. Um momento de súbita alegria, enfim ganhamos alguma coisa!!!! Um marcador de livro com o emblema das eleições 2008. Ah muuuuuuuuito obrigada! Realmente agora sim valeu a pena!

Falando em pena, logo cedo já tinha uma pomba presa entre a grade e a janela da minha premiada sala. A encarregada da limpeza teve de tirar o animal com luvas de lavar louças. Coincidentemente, era a mesma moça do cachorro quente. A pior piada do dia: O cachorro quente ta ruim? Que peninha... rarara. A segunda pior foi: hoje é o jogo do bicho, ou você vota no veado ou na vaca... ah ra ra ra.

Descobri que o único jeito de não comparecer é se mudando de residência sem aviso, nem transferência de titulo para o novo endereço.

Coloquei meu apto a venda!

Campanha a favor do voto pela internet!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008


Sentados na mesa da cozinha, dois irmãos conversam. Ela esta escrevendo a lista de supermercado, disse que foi a mãe quem mandou. O irmão se espanta e ela logo esclarece que foi por um recado deixado na secretária eletrônica do dia anterior.
Ela: To pensando em comprar sorvete, você quer do que?
Ele: Humm, de uva passas.
Ela ri como uma criança, lembrando que ele sempre faz brincadeiras de coisas que não existem. Pensando nisso relembra os velhos tempos em que estudavam juntos, tinham apelidos engraçados, e como o tempo só serviu pra os unir, ao contrário do que acontece com a maioria.
Ela: Eu acho que minha inspiração voltou. Resolvi sair de casa com minha máquina fotográfica no bolso, e durante todo o dia tirei fotos da arquitetura da cidade, das pessoas interagindo com ela. Cheguei em casa renovada, preparei as telas e comecei a pintar. O trabalho ficou muito bom modéstia a parte, não quer ver?
Ele: Agora não.
Passou pela sua cabeça que alguma coisa podia estar errada porque ele, sempre se disponibilizou a ver seus trabalhos. Por pior que pudessem ser aos dez anos de idade, mesmo assim ele sempre olhava. Hoje não. Hoje ele nem se quer levantou da cadeira.
Ela: Sabe, há uns seis meses atrás eu preparei um portfólio. Demorei quase um ano montando, mas consegui finalizar. Gastei muito do que eu havia economizado, mas resolvi arriscar mandando pra universidade de Nova York.
O silêncio preenchia a cozinha, o irmão parecia imóvel como se milhões de pensamentos lhe atravessassem naquele momento. Ela refletia uma leveza de alegria com uma tristeza de pesar.
Ela: Foi há tanto tempo que eu nem me lembrava mais. Há dois dias chegou uma carta endereçada a mim, envelope grande.
Ela mal conseguia se conter de excitação e disparou que havia sido aceita na Universidade, e ainda recebera bolsa para os estudos e direito a trabalhar meio período.
Ele: Que ótimo, parabéns! Mas...
Cada frase era tão pausada que parecia que nenhum dos dois era capaz de reproduzir. Ele sentiu-se abandonado por um momento, pensou em como seria a vida sem a presença da caçula, pensou na mãe e fixou fundo o olhar.
Ele: Você já tomou uma decisão?
Ela: Ainda não.
Era uma decisão difícil de ser tomada, tinha o trabalho, o namorado, os projetos com o irmão, o próprio irmão de quem ela não passava um dia sem ver.
Ele: O Dr. Albuquerque ligou cedo. Enquanto você tirava fotos da cidade eu buscava o resultado dos exames da mamãe.
Ela: Que exames?
Ele: Acho que ela foi viajar justamente pra não pegar os exames, acho que no fundo ela já sabia.
Ela: Já sabia do que? Fala logo!
Ele: A gente precisa ser forte. A mamãe esta com um tumor no cérebro e o médico deu trinta dias de vida.
Ela desaba em lágrimas, eles se descontrolam... o irmão tenta solucionar os próximos passos. Ele também esta confuso, primeiro foi o pai quem partira, a mãe esta doente e agora a irmã falando que pretende morar em Nova York?
Ele: Entende porque não da pra você viajar agora?
Ela: Como vamos contar pra ela?
Ele: Não acho que ela deva saber.
Ela: Mas você não acha que ela tem esse direito? Você não viveria diferente hoje sabendo que pode morrer amanha? Não iria a lugares que nunca foi? Não faria aquele telefonema que não fez por orgulho? Não pediria desculpas?
Ele: Não acho que devemos contar.
Ela: Mas e se de repente trinta dias vira um ano, dois, três sei lá...
Ele fica totalmente tomado pela raiva, pela frustração, e lembra que nunca foram uma família religiosa.
Ela: Eu andei lendo umas coisas ai, e eu tenho fé ta bom? Acho que ela pode melhorar.
Ele: Não ela não pode, para de se iludir. Acho que no fundo ela já sabe, me deixou até o livro de receitas.
Cenas em flash back passavam por suas cabeças, ambos abalados e não sabendo como agir.
Ele: Lembra daquela viagem pra Atibaia que fizemos?
Ela: Aquela que eu quebrei o vidro do chalé?
Ele rindo responde que sim, - acho que foi ali que eu percebi a grandeza da mamãe, sua pureza, suas responsabilidades de mãe.
Ela: Eu não, pouco me lembro dessa viagem, era tão nova... Você não acha então que devemos ligar pra ela? Pedir pra ela voltar, fazer uma festa sei lá?
Ele: Festa? Pra celebrar o que? Um câncer? Não. Vamos nos encontrar com ela longe desse tumulto e fazer uma surpresa.
Ela: É podíamos fazer uma surpresa. Então não vamos contar? Você quem sabe.
Ele: Melhor não.
Ela: Você pode ligar pra ela, e dizer que esta tudo bem? Que pretendemos ir pra lá? Eu acho que não conseguiria.



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Gentileza



Desde ontem venho pensando quantos são os momentos em que eu poderia ter sido mais gentil e não fui. Nos últimos tempos, tive várias oportunidades de ser melhor, mas continuei na minha confortavel zona de defesa.

Hoje eu resolvi continuar acelerada no trânsito, porém dei passagem A TODOS os pedestres, deixei com que todos os carros que precisaram passar em minha frente de fato entrassem, e ainda dei uma carona.

Eu resolvi que não vale a pena ter conhecimentos orientais de algo tão positivo e não passar adiante simplesmente por ser um serviço caro. E fiz uma consultoria de feng shui a ser paga posteriormente quando a pessoa puder e por um valor simbólico, sobre uma filosofia impágavel.

Eu escutei quem estava precisando falar, e não interrompi contando sobre meus valores ou opiniões.

Vou aderir definitivamente: "Se não puder fazer tudo, faça tudo o que puder"

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Só mais uma conversa de bar


Sentada ao meu lado, segurando um cigarro na mão esquerda, olhando o movimento da rua, você divagava sobre a vida. Sua vida. A vida dos outros sempre lhe interessou em menor grau.

Olhou poucas vezes nos meus olhos, enquanto atualizávamos os assuntos banais dos últimos acontecimentos de nossas vidas, uma vez que estamos tão distante.

Cheguei a me perguntar se alguma vez você já esteve próxima de mim.

Deve ter havido em algum lugar do nosso passado, aquele borbulhar da amizade que nos permite nos chamarmos de amiga até hoje. Um abraço, uma viagem, uma festa, um momento difícil, não sei ao certo.

Sempre achei que nos completávamos por sermos tão diferentes. Acreditava que os opostos se atraem eu acho. Nossas semelhanças tinham muito mais a ver com a dança ou com o mar.

Não me lembro dos seus movimentos ao meu encontro. Agora já não sei se não lembro porque foram muito poucos, ou se de fato eles não existiram. Nunca fui de demonstrar meus sentimentos mais profundos em forma de toque, e não lembro quantas vezes eu disse que te amava.

Sentada ao meu lado, eu não a via mais como éramos antes, e não via mais um futuro pra nós. Achava que com seu despertar espiritual, mesmo que ainda submerso entre o véu da ilusão, essa experiência nos aproximaria, mas me enganei.

Talvez sua verdade ainda esteja muito distante da minha. Não sei se o que de fato te incomoda é meu humor cítrico, ou meus comentários fora de hora. Não sei se você se irrita com o momento inoportuno do comentário, ou com a sinceridade do conteúdo. Às vezes eu acho que o que você quer é que as pessoas concordem com você. Mesmo que você esteja apenas dissertando sobre o que um terceiro pode pensar sobre determinado assunto, você espera uma aceitação sobre seu ponto de vista, ou a atenção do ouvinte como se o assunto fosse de mera importância.

Talvez você esteja acostumada com as rodas femininas em que o assunto é sempre homem, e já não se lembra mais como era falar sobre a religião, sobre a terra e o céu, sobre os valores morais da humanidade, ou qualquer coisa que nos faça pensar em algo além do óbvio.

Quantas vezes eu te vi repetindo as mesmas historias? Cada uma eu ouvia no mínimo três vezes, porque você sempre fez questão de repetir tudo exatamente igual para cada pessoa que você encontrava no caminho. Eu já tinha decorado as pausas e as interjeições. Enquanto outras de suas, ou nossas amigas, se divertiam, eu me entediava sozinha dando um sorriso forçado pra não te magoar.

Sua mania de querer ajudar os que não querem sua ajuda me tira um pouco do sério. Sua capacidade de só arrumar namorados problemáticos me intriga.
Mas sabe o que mais me incomoda mesmo?

Além do obvio assunto no qual nunca tocamos? Me incomoda o fato de eu saber, que no fundo, no fundo mesmo, você nunca deu a importância pra mim, quanto eu sempre dei a você.

Ali mesmo naquele lugar, observando a fumaça do seu cigarro, eu esperei que você entendesse o quanto eu estava magoada, mas você estava muito preocupada consigo mesmo, como poderia olhar pra mim?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Parabéns pra mim!!


Hoje faz um ano!
Um ano inteiro que eu parei de fumar.
Uma jornada que confesso não foi la muito animada, nem muito divertida... Me lembro de ter comentado aqui mesmo, o quanto eu gostava do meu companheiro amigo de todas as horas...

Enfim, um ano. Parece que foi ontem que eu comprei aquele maço novinho de marlboro light, descasquei a embalagem de plastico com o cuidade de não rasgar, abri a caixinha, tirei o alumínio, e puxei o primeiro cigarro.

Parece que foi ontem que eu carregava esqueiros, e os via sumir repentinamente, ou acabarem num momento critico... as vezes eu tinha um roxo mas chegava em casa com outro azul, as vezes eu roubava dos outros sem querer claro, e as vezes o roubavam de mim.

Parece que foi ontem que a cada motel que eu ia, a cada restaurante, a cada hotel, balada, enfim, eu tinha que trazer um fósforo personalizado. Até hoje ainda encontro uns por ai....

Um ano!

Não posso porém dizer que foram 365 dias ininterruptos sem fumar porque eu tive uma recaída. Tive mesmo confesso.

Aos 9 meses, um parto! Eu havia dicutido com uma pessoa amada, parei numa adega, comprei 2 garrafas de vinho branco lambrusco, e fui pra casa com a certeza de que aquele dia eu iria fumar.

Não comprei um maço porque sabia que minha irmã estaria em casa e eu poderia "filar" uns dela. Comprar seria muita tentação naquele momento de fragilidade.

2 garrafas como se eu fosse capaz de toma-las. Ai ai, quando eu parei de fumar, parei de beber, e de sair também, porque não é fácil. Mas la estava eu com uma taça na mão, um cigarro na outra, e pronta pra acende-lo quando minha irmã interrompe.

- Onde você pegou esse cigarro? Você não vai fumar vai?
- Ahh vou. E se quiser, pode sentar aqui comigo, e me fornecer mais alguns em troca de vinho...

Foi assim conversando com minha irmã, aos 9 meses de abstinência que fumei 3 cigarros, tomei 3 taças de vinho e cheguei ai sem aguentar mais.

Queria continuar bebendo, queria continuar fumando, mas não deu, não deu mesmo, tive ate que deixar um pouquinho do vinho da taça e apagar o cigarro bem antes do filtro porque meu corpo não gostou muito não.

Ressaca moral no dia seguinte. Um cheiro horrivel que tive que tomar banho, incluindo lavar os cabelos antes de dormir, o que acabou com a graça do vinho também, enfim....

Se eu quisesse voltar a fumar, seria tão dificil quanto foi parar.

Pra mim os piores meses foram a partir do oitavo. No décimo mes, tentei de novo, pra não dizerem que nunca é tarde. Dei um trago, e disperdicei um cigarro de um fumante por nada.

Cheguei a conclusão de que parei mesmo.

Para aqueles que dizem: Não vale, você tem que zerar o dia que fumou no nono mês, eu retruco: zera você e não me enche o saco, continuo contando e o problema é meu.

Então hoje, dedico essas palavras ao meu companheiro das antigas, dando uma volta olímpica comemoro hoje UM ANO SEM CIGARRO!!!

Viva!!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Pegando Fogo

E queima-lhe as mãos
Presas acorrentadas
Como brasa, incandescente
Suspiros quentes de um calor sem fim
Queima-lhe o tronco,
Subia-lhe o fogo
Estalos da cor laranja e vermelho carmim
Fogueira na alma latente
Pisava em carvão
Fumaça no corpo que esfarelava no chão
Gritava seu nome que de longe ouviam
Queimava-lhe as roupas
Que rapidamente despiam
Corpos acesos
Os céus todos negros
Suor em fervor de água borbulhante
Respiração ofegante
De inferno constante que habitava em mim.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Que lei é essa?

Eu estou tão cansada das pessoas julgarem umas as outras, julgarem o trabalho dos outros. E mais uma vez estava eu, frente a uma pessoa que julgava despropositadamente o filme “The secret”. Ok, cada um pode ter a opinião que quiser, sobre qualquer coisa, desde gostei ou não gostei até as cores escolhidas pela arte na locação interna, whatever! Mas o que me incomoda, é a propriedade com que julgamos uns aos outros, como se fossemos tão sábios que o pensamento do outro não passasse apenas do nosso primeiro rascunho da vida, aos 2 anos de idade.

“O filme é ridículo, só fala de querer ter uma mansão, um carro novo, só colar uma foto na parede” ... Peraí, você esta criticando o que?

O cara ter ambição de um dia poder ter condições de comprar uma mansão se quiser?

Qual o problema se o desejo de uma pessoa é morar numa mansão? Que pais que não querem dar conforto a seus filhos? Que pai que não desejaria ter dinheiro pra não só pagar as contas, mas tirar férias com a família? Quem não quer poder ter uma condição melhor, uma melhor qualidade de vida? Poder ter um carro, nem que seja só pra passeios no final de semana? Pagar boas escolas?

A questão do filme não é o desejo de cada um, e sim o que fazer para consegui-los. E quem não quer melhorar de vida? Quem não gostaria de ter abundancia pra poder fazer só aquilo que gosta? As pessoas querem saber como ganhar dinheiro, como receber cheques pelo correio ao invés de multas, querem saber como comprar uma casa melhor, como salvar o casamento, enfim... as pessoas não tão afim de assistir um filme sobre como alcançar o estado de paz de espírito, como ter saúde perfeita, como adquirir paciência através da experiência. Se fizessem um filme sobre esses desejos meia dúzia de gato pingado ia assistir e olhe la!

Vai criticar o que? A lei de atração? Testa! Observa então pra ver se o que acontece na sua vida não é uma conseqüência do seu pensamento, das suas escolhas....

Só porque alguém conseguiu a proeza de condensar o que os ensinamentos milenares orientais e a metafísica já diz há tempos, não quer dizer que seja ruim.

Na espiritualidade já se ensinava que tudo na vida ocorre em trindades, e a lei da atração aqui aparece como “pensamento, palavra, ação”...

Nos rituais de Feng Shui, sempre há o elemento pensamento e visualização da vida que o individuo deseja ter, em cada área do baguá. E quantos gênios já não se aproveitaram disso?

Enfim, tanto já se sabe sobre o assunto, o que a Rhonda Byrne conseguiu fazer foi alcançar a massa e desvendar como é possível se ter o que se deseja. Pouco importa se você deseja uma casa na praia ou a cura de uma doença. Pouco importa se você vai colar uma foto do corpo perfeito na sua geladeira a fim de emagrecer, ou se você vai desenhar um quadro do que você quer, não importa! O que importa é que a ferramenta esta ali, e somente aqueles que compreendem o efeito do pensamento e das emoções é que estarão aptos para viver melhor, os que não compreendem julgam o valor do DVD, julgam a direção, julgam os desejos, julgam a mansão, julgam uns aos outros, hipócritas que são!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Trânsito x metrô

De novo não. Já dizia Paulo Coelho que quem conhece a felicidade não aceita humildamente a tristeza. Com razão. Quem anda de carro, não aceita facilmente ter de andar de metrô.

Eu tenho certeza que aqueles que inventaram a lei de rodizio, possuem mais de um veiculo, e ainda motorista, porque já imaginou o prefeito andando de metrô?

Não ha nada de glamoroso em andar de metrô nos horários de pico... Não é bonito como em Londres, que os acentos possuem estofados coloridos, ha espaço para sentar ou ficar em pé. Não tem empurra empurra, e a maioria das pessoas lêem livros e jornais, existem várias estações onde é possível fazer baldiações, enfim, glamour.

Aqui em São Paulo, não.

- Isso porque eu coloquei só folha no prato, você imagina se tivesse colocado mais carne? Se deu R$16,00 teria dado R$25,00
- Um absurdo pagar isso num almoço.
- Comprei alcatra esses dias, mas tive que pedir por moço tirar um pouco, trinta e cinco reais? Ahh não tem condições.
- Não tem mesmo.

- Segura direito menina, se você cair eu não vou socorrer já falei.

Sem contar um infeliz que resolveu colocar as músicas de sua mais nova aquisição, um celular que toca mp3, em alto e bom som:

"Porque eu já to cansado, de ouvir as reclamações dos homens. Não existe mais mulher fiel. É marido que descobre que foi traido, é marido que da porrada no amante, é amante que foge do marido... isso não da não. Eu quero ouvir as esposas: ahhhhhh Eu quero ouvir as amantes: aaahhh Então pega......" e começa um funk do sei lá o que...

Ah sinceramente ninguém merece tudo isso logo cedo!

Fala o quiser, sou fresca mesmo, mas ainda prefiro mil vezes pegar transito com meu carro com ar condicionado ligado, e vidros fechados escutando um cd de Amy Whinehouse, na minha mais profunda solidão, a ter que dividir o espaço indivisivel do metrô e de quebra aturar um funk no último volume... afffeee!!! Sem essa!

Começo a rezar pra que a cidade não trave não!!! Não trava, não trava, não trava não!!!! rsrsrs

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Velha Infância

Existe algo de tão profundo nos espaços de minhas memórias que de fato já não me lembro. Procuro restabelecer o contato com um cômodo, por exemplo, de uma casa de infância, mas ele já não esta mais ali. Vejo a sala, os espelhos, a vitrola na prateleira de vidro, o banheiro de azulejos amarelos e marrons, mas não vejo o cômodo.

Não me lembro da cama da minha mãe e nem da colcha que ela usava. Pouco me lembro de minha própria cama, no quarto que dividia com minha irmã. Lembro da colcha vermelha de coraçõezinhos brancos, mas não por mim, mas porque ela me fez lembrar. Sei que existia um armário branco, mas somente porque vi em fotos.

Na verdade, nem sei se são minhas lembranças ou lembranças que re-signifiquei através de fotos que vi. Nos mudamos quando eu estava com 8 anos eu acho, mas minha irmã jura que eu tinha 6. Seis é melhor pra mim porque posso me cobrar menos por não me lembrar da antiga casa...

Depois dessa mudança a única outra casa que morei foi do intercambio em Londres. Fora isso a casa foi sempre à mesma. O quarto que era meu e da minha irmã hoje é só meu. Já teve papeis de paredes de varias cores e desenhos, já mudei a cor do armário, já tirei portas, já tive escrivaninha, mas na essência... é sempre o mesmo quarto.

Sei que passei outra parte da infância aqui, me lembro melhor, mas quando me perguntam onde era o meu canto, eu simplesmente não sei. Acho que nunca tive um. Não me lembro de ficar embaixo da cama, nem de me cobrir com ursinhos de pelúcia. Não me lembro do canto onde ficava minha irmã, nem se ela também não tinha um canto.

A verdade é que sempre tive muito espaço, espaço dentro e fora de casa, e não me lembro de precisar de canto nenhum, porque era tudo muito grande e espaçoso e eu gostava disso.

Me acostumei com espaço, com privacidade, com muito oxigênio, tínhamos ate um parquinho só pra nós... Sou mimada, espaçosa, e gosto de ficar sozinha... paciência!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Reflexões de uma atriz desesperada


Hoje eu me deparei com as questões que de fato assombram normalmente os atores brasileiros, bem como artistas em geral.
Estou fazendo parte de um grupo de estágios, oferecido pela famosa Cia de Teatro Fábrica, e me deparo com isso que atormenta a maioria daqueles que amam a arte e precisam acima de tudo se expressar – A FALTA DE GRANA.

Sim a Cia oferece o estágio em troca de conhecimento e não em troca de remuneração, e abriram o processo por conta da Lei de Fomento que o diretor conseguiu para a realização deste projeto, porém a verba até este ponto não é destinada aos colaboradores da montagem, no caso, nós simples estagiários.

Me pergunto, condeno a quem?

A mim? Por dentre tantas milhares de profissões ter escolhido justo uma em que se trabalha muito, inclusive aos finais de semana, e se ganha pouco, ou melhor neste caso, não se ganha nada (dinheiro)? Ou devo condenar o diretor? Que não pode pagar uma remuneração ao grupo mesmo dispondo da verba destinada ao projeto? Ou devo condenar a Lei de Fomento que não disponibilizou a verba destinada à ajuda de custo dos atores? A quem eu devo condenar? O País? O Governo?

Sim porque eu preciso assinar um contrato onde eu tenho plena consciência de que este trabalho feito por mim, e por todos os integrantes é um trabalho não remunerado, onde é necessário ter disponibilização de tempo meio período quatro dias por semana. É bastante tempo né? E o trabalho é maravilhoso, isso que da mais raiva, porque se fosse lá qualquer estudo, eu simplesmente peso meu bolso e vejo que é inviável tendo visto que alem de arcar com os custos locomoção, ainda preciso arcar com os custos de materiais que incluem livros, e copias de textos para serem lidos para as aulas, ou seja, gastei em média esse mês mais de cem reais pra trabalhar. Não ta fácil.

Sem contar que além de me super doar para compartilhar com o trabalho de atuação, onde o ator querendo ou não se mega ultra expõe, ainda percebo que existe um registro via Mini DV, ou seja, como se não bastasse estou sendo filmada.

Me questiono novamente esta errado? Eu não sei ... Autorizo o uso da minha imagem, e voz gratuitamente para registro afim de se montar um DVD com essas imagens editadas para futuras possibilidades.

Ou eu não vou assinar? To aprendendo, to trocando informações, to trabalhando com atores de diversas formações bem diferentes da minha, e vou dizer: não, não quero autorizar minha imagem, e não, não acho justo nós participarmos deste processo desta forma, sendo que não sabemos se iremos ou não, fazer parte do espetáculo com estréia prevista para o inicio do ano que vem, então tchau passar bem?

No final das contas somos brasileiros e não desistimos nunca não é? E precisamos fazer como os americanos: You gotta to do what you gotta to do!

Só me preocupo com uma coisa. Existem aqueles que acham super normal tudo isso. Achar normal trabalhar de graça e fazer uso de imagem e voz gratuitamente? Normal? Veja apenas estou me questionando até que ponto nós precisamos abrir mão do que é justo?

Não pretendo me contentar com pouco, e menos ainda pretendo achar normal. Normal pra mim é ter o que você merece. Trabalhar e receber salário pelos serviços prestados. Trabalhar de graça é caridade. Super bem vinda, mas neste caso seria melhor que fosse em prol do outro e não em prol de si mesmo, porque se não a palavra não tem significado.

Claro que não vou abandonar o barco, claro que gostaria de receber pelo trabalho, claro que gostaria de cobrar o cachê devido para o uso de minhas imagens, mas que triste que é saber que para criarmos algo tão viceral, é preciso tanto sacrifício financeiro.


quinta-feira, 10 de julho de 2008

Metamorfose


Assistindo ao filme “Ligados pelo Crime”, o narrador da primeira historia pergunta:

“Será que a borboleta ao sair do casulo, tem consciência de quão bela ela é? Ou para si mesma ela continua sendo somente uma lagarta?”

Não sei reproduzir exatamente a frase, mas essa era a questão. Se a Borboleta teria algum tipo de consciência da sua transformação em um ser imensamente mais belo que uma lagarta.

Claro que não estamos falando da Borboleta particularmente, e sim de todos nós, seres humanos cheios de defeitos e imperfeições.

Fiquei me perguntando, quantos de nós, temos de fato consciência de nossa beleza... A beleza fundamental da nossa cultura de padronização com seus corpos magros e sarados, e rostos simétricos, e a beleza interior que celebra antiguidade da nossa alma, a clareza do nosso espírito.

Será que é somente a partir do outro, como já apontava Vigostski em seus textos, que entendemos o que somos e o que representamos? Será que sozinhos não conseguimos chegar a alguma conclusão?

Será que somos cegos ou irracionais como as Borboletas e não nos damos conta da contribuição da nossa beleza no mundo? Somente a partir do olhar do outro percebemos quão belas são nossas asas e para que elas servem?

Dizem que as borboletas vivem pouco,algumas um dia, não sei.
Como se eu fosse essa Borboleta e tivesse de fato somente um dia, deixarei o aconchego do meu casulo, confortável e seguro pra poder desvendar esses mistérios.

Se durante meu vôo eu decidir pairar sobre sua superfície, aprecie a beleza de minhas asas multicoloridas, e veja se consegue desvendar para que elas servem, enquanto pensa, levanto vôo novamente rasgando o ar de vermelho, de amarelo, de laranja, de violeta....

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Diário Fábrica - Parte I


Estou de frente a uma porta de ferro, vermelha, bem pesada e com tranca.
Faço esforço para abri-la, e dentro vejo uma sala, bem ampla, toda pintada de branco, pouco iluminada, e com três portas de madeira.
Escolho a do meio.
Esta porta abre para um corredor, um pouco estreito eu diria, e sem muita luz. Eu logo faço o teto todo se iluminar com uma luz fria, e aos poucos vão surgindo quadros na parede lateral esquerda.
O primeiro era de um artista que eu não reconheci, mas a obra me parecia famosa, em seguida veio “Guernica” de Picasso, o terceiro era um quadro abstrato de cores quentes, seguido de uma paisagem com árvores, montanhas e um lago, e o último era um caminho dentro de uma floresta. Todos bem iluminados com luzes individuais.
Ao final deste corredor mais uma porta. Eu abri, e alguns passos adiante, uma escada, descendo para um outro lugar. Um pouco mais escuro este caminho da descida, mas ainda visível ao caminhar.
Ao abrir esta porta uma parede de tijolos com uma fresta. Fiz um buraco nesta parede e vi que era uma janela. Empurrei com o braço que era tudo que cabia na fresta e o vidro da janela se abriu. Percebi que era possível sair, então quebrei muitos tijolos e consegui pular a janela. Ao lado de fora da casa, avistei um gramado bem grande, uma vista de campo, e uma pá ao lado.
Comecei a cavar um buraco na terra marrom clara. Ao cavar, não muito fundo encontrei uma chave. Uma chave antiga com ar imperial, dourada, grande e com formato de um coração todo trabalhado com um material que me parecia ouro. Guardei a chave e prosseguia meu caminho longe da casa, quando uma voz de comando, colocou três portas a minha frente.
Era como se o local onde eu estava houvesse sido paralisado por vidros blindados, e só houvesse a opção de escolher entre essas portas. Abri a da esquerda que se erguia no ar. Pensei que eu pudesse tomar o caminho para o alto, mas a voz comandou o contrario, e mesmo contra minha intuição de querer subir, eu desci mais uma vez.
A sala que cheguei possuía um alçapão no meio mais para a esquerda. Não me recordo do que havia na sala exceto o alçapão.
Abaixei para abrir essa pequena portinha de alumínio que estava colada ao chão, desci as escadas estreitas de costas para o porão. Este era repleto de objetos antigos, caixas uma em cima das outras, parecia uma garagem antiga de uma casa, repleta de memórias. Uma iluminação fraca em cada um dos cantos fazia uma penumbra lá dentro, algumas sombras, mas ainda era possível enxergar. Quase no meio desta sala a direita, mais uma porta.
Abri a porta de alumínio, com extrema facilidade, desci os degraus da escada estreita, e encostei os pés na areia. Ao lado havia uma passagem, virei e estava imediatamente em uma praia.
O dia estava lindo, ensolarado, quente e gostoso. Fui caminhando na areia branca e fofa em direção ao mar. Saldei Yemanjá, pedi permissão e entrei em suas águas. Mergulhei sem pensar, nem precisei ir caminhando sobre a areia ate que estivesse submersa, eu simplesmente me atirei ao mar.
Ao fundo viam-se muitos objetos antigos nos quais poucos eu saberia identificar o que era, fui saindo de costas para areia, e ao virar o corpo encontrei uma chupeta de cor magenta, quase nova, a mesma que usei na imaginação para escrever o roteiro de um curta metragem chamado “Diante do Mar”. Eu segurei a chupeta surpresa por tê-la reconhecido.
Um pouco mais adiante, mas ainda na beira do mar comecei a cavar, ainda onde a areia é molhada. Próximo a superfície eu encontrei um baú, antigo, preto, pequeno, me lembrava antigos baús de piratas, com aqueles detalhes em madeira e metal. O baú estava trancado, e eu usei a minha chave imperial para abri-lo. Funcionou. Ali dentro forrado com um tecido de veludo vermelho estava um diamante lapidado. Enorme, lindo e reluzente.Coloquei a chupeta dentro do baú junto com o diamante, tranquei novamente e guardei pra mim.


quarta-feira, 18 de junho de 2008

"SER OU NÃO SER"...

Vou deixar que você pense que houve de fato algo entre nós. Vou deixar seus pensamentos te consumirem a ponto de você achar que o afeto que surgiu pela solidariedade de compartilhar um momento difícil, foi um algo mais...

Já tentei controlar pensamentos, os meus, os seus, os nossos. Já tentei compreender a mente dos outros, por onde anda o ciúme, a possessão, a linha tênue entre dizer que confia e o confiar de fato.

Vou deixar que você pense o que quiser, porque não mais tentarei controlar nada. Não se pode controlar os outros, o tempo, a verdade, o amor...

Faça como queira, invente suas desculpas como a que diz que não lhe devia satisfações, ou diga apenas que pensa isso e pronto. Ta bom, pense isso e pronto.

Não importa o que eu diga, cada um vai afinal sempre escutar o que quer, compreender o que pode, e aceitar o que deve.

Não importa o esforço que eu faça pra ser diferente, algumas pessoas sempre me acharam igual. Pra mim me importa que você seja você, mas é importante que você confie em mim.

Já imaginei que se eu tivesse feito metade das coisas que algumas pessoas pensam que fiz, com certeza eu não seria nem a metade de quem realmente sou.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Atores em teste

Estavam trinta atores sentados em roda no palco. O diretor e membros da companhia de teatro sentavam junto aos atores que estavam ali para o teste.

O exercício era simples, um ator está neutro no centro da roda, outro ator entra em cena propondo a situação. A situação tinha uma referência a algum sentimento de memória pessoal do ator, que deveria entrar em cena repleto deste sentimento e conduzir a cena.

Em meio a tantos improvisos, éramos jogados de uma cena para a outra de minuto a minuto.

O tempo é incrivelmente relativo... Um minuto de uma cena onde um ator era um personagem bêbado, e o outro tentava o expulsar do bar, pareceu uma hora. Era uma historia que não tinha para onde caminhar e eu esperei calmamente o tempo passar, totalmente entediada.
Mas quando já estava me cansando dos 60 segundos que não chegava nunca, éramos rapidamente levados para outra realidade. Até que ponto era realidade e onde entrava a ficção?

Era de fato o encontro da realidade, do ator, com a ficção proposta pelo outro ator que não vivenciou a experiência e só fazia aceitar ou não o jogo proposto.

Uma atriz entrou em cena chorando, se apresentou a outra que estava na roda, e contou sua historia. O namorado dela tinha morrido, não entrou em detalhes estava muito abalada. Outra havia sido queimada e estava com as pernas em chamas. Outro ator participou de um tiroteio, já outro fraturou uma perna num jogo de futebol, uma babá maltratou uma criança, uma adolescente era obrigada pela mãe a engolir provas quando tirava nota baixa... enfim...

Quanta coisa é possível contar em um minuto. Quantos traumas, quanta dor.

Eu percebi ao longo do exercício que as memórias mais marcantes são as ruins. Não me lembro de ter visto uma memória boa. E esse não me lembrar que é minha questão. Será que realmente não houve nenhuma cena de uma memória feliz, ou será que nos lembramos mais rapidamente das experiências tristes?

Ao acessar aquela que Stanislaviski chama de memória emotiva, o ator já acessava uma postura corporal diferente, uma fala elaborada, uma respiração condizente.

Éramos os atores em cena, mas quanto das nossas memórias de nós mesmos, seres humanos, guardamos pra nós, ou compartilhamos com os outros, e quantas.... quantas dessas memórias não se perdem em nós?

Ou quantas vezes não tentamos colocar as idéias em algum lugar seguro, mas, percebemos que já não ha segurança nem no mais alto dos pensamentos, nem nas mais escondidas emoções da alma...

Quanto de nós somos o que somos e quantos de nós apenas representamos o que somos?

Por que será que a sua historia pode ser mais interessante do que a minha? Porque uma vida pode virar um best seller enquanto outra passa despercebido pelos outros?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Happy Valantines Day



Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes


quarta-feira, 11 de junho de 2008

ENTRE EU E VOCÊ


Entre eu e você é pura sensualidade
É agir com naturalidade.
Reconheço que tentei fugir
Não sabia bem como agir
Pensei que pudesse ser uma ilusão
Mas não pude conter meu coração.

Entre eu e você o amor falou mais alto
Senti que minha ansiedade deu um salto
Não existia pouco
De repente tudo ficou louco
Tentei me conter
Mas não deu pra esconder.

Entre eu e você não tem estação
Todo dia é sol e o inverno é verão
Você é meu veneno viciante
meu desejo constante
Você me atiça e me acalma
Foi unção de corpo e alma.

Entre eu e você é sedução irresistível
Insaciável e insubstituível
Parece que tudo faz sentido
Não que antes não tivesse tido,
Mas é complementar.
Entre eu e você é a simples arte de amar.


RETICÊNCIAS




Por tanto tempo eu não soube dizer não...
Deixei que tantas pessoas se aproveitassem de mim, da minha boa vontade, da minha ingenuidade às vezes, pra nada. Pra receber em troca, somente um vazio, um nada.
Não espero que me digam “sim”, mas as trocas precisam ser sinceras.

Por tanto tempo eu não soube o que era amor...
Deixei que me punissem por crimes que não cometi, por palavras que nunca disse, e até pensamentos que nunca tive.
Não espero que me ame incondicionalmente, mas tem que ser de coração.

Por tanto tempo eu não recebi nada em troca...
Deixei meu amor escorrer por entre amigos que nunca tive, por gestos que eu achava que bastavam, por olhares que eu considerava cúmplices.
Não espero receber em troca toda vez que faço uma doação, mas seja na amizade, seja no amor, se não há troca, só há esforço.

Por tanto tempo eu fiz favores...
Deixei de fazer coisas pra mim, pra poder fazer para os outros.
Não espero que façam coisas pra mim, mas se não puder retribuir eventualmente, então não me peça.

Por tanto tempo eu usei reticências...
Deixei inúmeras coisas em aberto, projetos inacabados, cursos abandonados, desenhos não pintados, roteiros sem final, livros começados...
Não espero resolver todos os meus mistérios, todos os problemas,
mas definitivamente e enfim,
estou colocando um ponto final.

em todas as coisas que atrapalham a minha vida...


terça-feira, 3 de junho de 2008

ORAÇÃO DO PERDÃO



"A partir deste momento eu perdôo todas as pessoas que de alguma forma me ofenderam, me injuriaram ou me causaram dificuldades desnecesárias.

Perdôo, especialmente, quem me provocou até que eu perdesse a paciência e reagisse violentamente para depois me fazer sentir vergonha, remorso e culpa inadequada.

Reconheço que também fui responsável pelas agressões que recebi, pois, várias vezes confiei em individuos negativos, permiti que me fizessem de bobo e descarregassem sobre mim seu mau caráter.

Por longos anos suportei maus tratos, humilhações, perdendo tempo e energia, na tentativa inútil de conseguir um bom relacionamento com essas criaturas. Já estou livre da necessidade compulsiva de sofrer e livre da obrigação de conviver com indivíduos e ambientes tóxicos.

Iniciei agora, uma nova etapa de minha vida, em companhia de gente amiga, sadia e competente. Queremos compartilhar sentimentos nobres, enquanto trabalhamos pelo progresso de todos nós.

Jamais voltarei a me queixar, falando sobre mágoas e pessoas negativas. Se, por acaso, pensar nelas, lembrarei que já estão perdoadas e descartadas de minha vida íntima definitivamente.

Agradeço pelas dificuldades que essas pessoas me causaram, pois isso me ajudou a evoluir, do nível humano comum ao nível espiritualizado em que estou agora.

Quando me lembrar das pessoas que me fizeram sofrer, procurarei valorizar suas boas qualidades e pedirei ao Criador que as perdoe também, evitando que elas sejam atingidas pela lei da causa e efeito, nesta vida ou em futuras.

Dou razão a todas as pessoas que rejeitam o meu amor e minhas boas intenções, pois reconheço que é um direito que assiste a cada um me repelir, não me corresponder e me afastar de suas vidas.

(Pausa para acúmulo de energia, respirar profundamente algumas vezes)

Agora, sinceramente, peço perdão a todas as pessoas a quem, de alguma forma, consciente ou inconscientemente eu ofendi, injuriei, prejudiquei ou desagradei.

Analisando e fazendo um julgamento de tudo o que realizei ao longo de toda a minha vida, vejo que o valor das minhas boas ações é suficientes para saldar todas as minhas responsabilidades relativas a esses eventos, deixando um saldo positivo a meu favor.

Sinto-me capaz com minha consciência e de cabeça erguida respiro profundamente, prendo o ar e me concentro para enviar uma corrente de energia destinada ao EU SUPERIOR.

Ao relaxar, minhas sensações revelam que este contato foi estabelecido. Agora dirigo uma mensagem de fé ao meu EU SUPERIOR pedindo orientação, proteção e ajuda para realização, em ritimo acelerado, de um projeto muito importante que estoiu mentalizando e para o qual estou trabalhando com dedicação e amor.

Agradeço de todo o coração, a todas as pessoas que me ajudaram e comprometo-me a me retribuir trabalhando para o bem do próximo, atuando como agente catalizador do entusiasmo, prosperidade e auto-realização. Tudo farei em harmonia com as leis da Natureza e com permissão do nosso CRIADOR, eterno, infinito, indescritível que eu intuitivamente sinto como o único poder eal, atuante dentro e fora de mim.

Assim seja, Assim é, e Assim será..."

terça-feira, 20 de maio de 2008

Feng Shui


O Feng Shui é uma técnica chinesa que visa à harmonização do individuo com ambiente e a natureza, proporcionando melhor qualidade de vida.

Este modo de equilíbrio já possui mais de 3.000 anos e visa criar prosperidade, atrair a boa sorte, proporcionando apoio a suas necessidades e harmonia a todos que convivem no mesmo ambiente.

O Feng Shui utiliza posições de móveis e objetos para trazer um aumento da energia vital (Chi) trazendo bem estar, favorecendo seus objetivos seja saúde, riqueza, trabalho, etc.

A sabedoria do Feng Shui consiste em analisar o ambiente através da planta baixa, que pode ser tanto um escritório quanto uma casa ou um apartamento, curando os pontos de energia que não estão favoráveis e posicionando o Baguá para ativar a boa sorte e prosperidade.

O baguá é um octógono dividido em oito situações da vida, -são elas trabalho, espiritualidade, criatividade, família, prosperidade, sucesso, relacionamentos e amigos - e funciona com um guia para interpretar a vida.

Deixe que o Feng Shui transforme sua vida com uma mudança significativa e positiva.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

“Quando se abre a válvula a diante estoura o cano”

Foi conversando com um amigo em pleno sábado a tarde que me dei conta sobre esta teoria que ele costuma usar com a metáfora “quando se abre a válvula a diante estoura o cano”, que diz que depois que uma mulher que você conhece engravida, varias outras engravidam seqüencialmente. De fato.

Na adolescência a gente nem pensa muito em como será dali a alguns anos quando casarmos e tivermos filhos, pelo menos eu não pensava muito nisso apesar de dizer que faria um dia.

A idéia até passou pela minha cabeça quando a amiga da minha irmã de 15 anos apareceu grávida no colégio. Mas ainda assim não passava de uma idéia, eu pensei que ela havida sido descuidada, coitada, pensei por alguns minutos como um filho teria mudado minha vida com aquela idade, mas logo mudei o pensamento quando o professor chamou minha atenção em plena aula de história.

Depois quando entrei na faculdade a coisa ficou mais seria. Ate lá, claro que conheci pessoas com filhos, às vezes casais, às vezes não, mas na faculdade me dei conta que o tempo esta passando, e percebi isso de verdade quando minha melhor amiga me deu seu maço de cigarros avisando que tinha parado de fumar. Em pleno flashback com o recente ex namorado, ela engravida e decide ter o bebe. No ultimo semestre ela mal freqüentou a faculdade porque estava freqüentando a maternidade.

A válvula estava aberta. Logo em seguida os primos se casam, você vira e mexe escuta “sabe quem esta grávida?” e é sempre alguém que você conhece se não a mãe com certeza você conhece o pai.

Ai, num encontro com o pessoal do acampamento da época de criança, pelo menos quatro das dez pessoas já são pais, e uma delas já é mãe pela segunda vez.

Na escola de teatro a mesma coisa. Estudei com mães de recém nascidos, mães de filhos adolescentes, algumas colegas tiveram engravidaram durante o curso e um enquanto um amigo assumia a homossexualidade o outro estava se casando.

Depois apareceram as histórias incríveis, como meu amigo gay que se casou com um homem que tem uma filha com uma lésbica e é casada com uma mulher. Ou seja, meu amigo é o segundo pai e o filho possui também duas mães. Tempos modernos e ele me mostrou a foto da criança como se fosse sua mesmo. Incrível.

Daí os irmãos do meu namorado casaram. O gêmeo casou com uma menina de 21 anos, caso raro hoje em dia, não teve uma pessoa que não dissesse que ela é muito nova para casar. O irmão do meio sempre gostou muito de sair, todos diziam que seria o ultimo a casar por conta disso, mas acabou engravidando a recente namorada e acabaram dizendo o “sim” no cartório. O irmão mais velho foi pelo mesmo caminho engravidou a namorada e estão procurando apartamento para morar juntos.

Depois que abre a válvula estoura o cano mesmo!!! É um atrás do outro, chegou a hora de morar junto, casar e começar uma nova família!!! E olha que esse encanamento não tem concerto hein!!
Agora tenho que ir, preciso arrumar mais um vestido longo porque sábado tem mais um casamento pra ir.... affeeee...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A FÉ É ARTIGO DE LUXO


- Por favor, eu gostaria de 500 gramas de fé.


- Desculpe senhora não esta a venda.


Antigamente os homens acreditavam que o Sol, o Trovão, a Lua e todos os corpos celestes eram Deuses. Não possuíam explicação cientifica para os mesmos, então achavam que se tratava de coisas sem explicação, logo forças maiores denominadas Deus.


Com o passar dos séculos e o desenvolvimento das Ciências, os homens por não conseguirem atingir a perfeição de Deus, e sabendo de sua semelhança, ao invés de se igual a ele, fizeram os Deuses se igualarem a nós. Surgiram o Deus Baco, a Deusa Afrodite, enfim, Deuses vingativos que puniam os homens que não andavam na linha.


Como somos ignorantes. Se Jesus precisava falar por parábolas antigamente pois as pessoas não possuíam entendimento, faculdades ou vocabulário, hoje em dia ainda há muito o que se aprender.


Aqueles que não possuem fé no seu Deus não acreditam na justiça divina, e escolhem fazer justiça com as próprias mãos.


Muitos tsunamis ainda virão, ciclones, furacões, acidentes aéreos, enfim muitas mortes em massa ainda acontecerão para que a humanidade entenda os princípios das leias divinas e caminhem como irmãos que somos.


A grande diferença de quem tem fé para os quem não tem, é que aqueles que passam pelas provações com fé levantam a cabeça e continuam caminhando, enquanto aqueles que não tem, perecem entregando a vida ao sofrimento não compreendendo que tudo não passa de um caminho a ser percorrido.


A única fatalidade do homem não é os acidentes, a doença nem mesmo a morte. A única fatalidade do homem é atingir a perfeição.


A fé não é para qualquer pobre de espírito, não se comercializa, não se compra, nem se encomenda, mas sem sombra de duvidas a fé ainda é artigo de luxo.



quarta-feira, 9 de abril de 2008

A vida é uma roda gigante

E ali mesmo deitada no chão sem conseguir mover um músculo se quer do corpo ela achou que iria morrer.

A vida toda passou em segundos em sua mente e não havia forças para se levantar. Começou a rezar, mas parecia que Deus estava ocupado demais para escutar.

Será que tudo iria se acabar antes que pudesse concretizar seus sonhos?
Será que não havia mesmo chegado sua hora de se libertar e ser de fato independente?

Será que era somente seu inferno astral ou estava mesmo doente?

Pensava por um momento que tudo aquilo no qual sempre buscou jamais chegaria. Seus cabelos não balançariam mais com o vento, nem seu coração bateria mais forte quando encontrasse o ser amado.

Medo.

Medo de não sentir mais os lábios salgados da água do mar, de não respirar o ar das montanhas, ou mesmo o gosto do amor.

Era como uma roda gigante, que girava ao contrario do tempo, retrocedendo na infância de que pouco se lembrava.

Como fazer para avançar?
Como seguir adiante e não se limitar?

Foi como se uma mão se estendesse no espaço. Uma força qualquer impulsionou e aos poucos ela conseguiu se levantar, tentou mais uma vez não esmorecer, enquanto o corpo todo tremia.
Os olhos estavam abertos mas não era possível enxergar nada, parecia que a luz do mundo havia desaparecido.

As pernas doíam, a cabeça pesava, mas ela conseguiu ficar em pé.
Olhou-se no espelho e não se reconheceu, tomou folego, respirou fundo e avançou.

O palco da vida a esperava mais uma vez para um novo enredo.
A luz já estava pronta, o cenário montado, a trilha já havia começado, a platéia se acomodava, os atores davam as mãos na coxia e era uma outra historia que estava prestes a ser encenada.
Que abram as cortinas, o futuro vai começar.

sexta-feira, 28 de março de 2008

“Vai ver se estou lá na esquina devo estar”

Antigamente eu acharia normal entrar no MSN todo santo dia, e conversar com os contatos on.line como se eles fizessem parte da minha vida.

Recebia convites do Orkut para comemorar o aniversario de não sei quem, um comentário de venha assistir minha peça de não sei quem mais, enfim... Achava que essa falsa sensação de aproximação era real.

Resolvi parar.

A princípio quando eu deixei de entrar no MSN foi por razoes técnicas, a internet não estava funcionando bem. Avisei a todos os amigos próximos para me ligarem ou mandarem mensagens de texto caso quisessem entrar em contato. Você me ligou? Nem eles.

Parei de entrar no MSN, entrava no Orkut uma vez por semana, e comecei a perceber a realidade. A realidade é o comodismo das pessoas acharem que uma conversa virtual é o que vale a uma conversa pessoalmente. Te garanto, não é.

Calma, não sou contra, acho a tecnologia fantástica, adoro poder conversar com amigos que estão no exterior, primos que moram no interior, gosto sim, mas não pude deixar de perceber o que houve.

As pessoas desapareceram da minha vida.

Aos poucos não fui mais convidada a sair. De vez em quando um convite aqui outro ali, pra na realidade não deixar aquelas pessoas com peso na consciência já que elas saiam juntas por combinar via internet e eu não. Estava num período complicado não saia de dia de semana devido ao trabalho e no final de semana só queria sossego, o que de fato me dava poucas opções. Juntando ao fato de estar namorando então, as possibilidades de saídas estavam ficando cada vez mais restritas, e de uma hora para outra meu telefone nunca mais tocou.

Outro dia resolvi entrar no MSN. Pra que? Um ex namorado me perguntou se estava tudo bem, sinceramente, que te importa? Vá ver se estou na esquina devo estar tchau.

Um amigo que considero muito nem me cumprimentou, outro que não vejo a séculos quis saber como anda meu trabalho, que trabalho? Outras pessoas se resumiram a oi e tchau.

O restante dos 25 contatos on.line simplesmente não perceberam minha presença. Porem todos aqueles que conversaram comigo, mencionaram o fato de não me verem mais on.line há tempos. Por que será?

Estou mesmo decepcionada com os seres humanos, estamos cada vez mais vivendo nos nossos “mundinhos “, nos fechando em nossos computadores e virando as costas para o contato físico.

Já ouviu falar em piquenique? Andar de bike no parque? Passear na paulista? Ir ao teatro? As pessoas não fazem mais essas coisas. Elas entram no MSN e conversam ali, por meio de palavras escritas que não passam de palavras escritas e acreditam piamente que aquilo ali é real, “você não acredita no que fulano me disse hoje”, “Vi o Nick de beltrano e ele já voltou do Rio”??? ahhhh?? Eu nem sabia que ele tinha ido.

O telefone esta fora de moda, quando as pessoas querem se encontrar elas te deixam um scrap no Orkut ou perguntam via MSN, mesmo que o convite seja uma visita a um templo budista.

Falsa proximidade, falsa sensação de preenchimento, isso que esta virando essas conversas virtuais, to fora, se eu entrar no MSN estou ausente!

Mas você pode ver se estou na esquina, devo estar

Tchau.




quarta-feira, 19 de março de 2008

Migalhas da Vida



Critique a vontade, sou assim e pronto.

Se eu estabeleço metas, traço objetos e penso racionalmente porque você simplesmente não aceita o fato e para de me encher?

Não sou como você, se era isso que esperava de mim eu sinto muito.

Eu penso, falo e ajo nessa ordem. Às vezes impulsivamente pensando enquanto falo, mas que culpa tenho eu que meu raciocínio é rápido? Se você precisa pensar antes de falar problema é seu.

Que eu posso fazer, se enquanto você vem com a farinha, eu já separei todos os ingredientes, já bati a clara, montei a receita, coloquei no forno e estou partindo o primeiro pedaço do bolo? Vou ficar esperando a farinha a vida toda, ou posso comer meu bolo em paz?

To cansada das suas pitadas de carinho e colheres de opressão. Já enjoei do meio copo de compreensão e jarras de discórdia.

Os seres humanos são diferentes ponto. São únicos e exclusivos no mundo justamente pra que cada um coloque o que quiser dentro da própria receita da vida.

Na minha receita não cabe mais medo, indiferença, falta de comunicação, depressão, insatisfação, ódio, rancor, raiva, magoa... não cabe mais!, e se cair alguma coisa no meu prato que sejam as pitadas inevitáveis que a vida leva e trás, do contrario sai pra La com seu mau humor, sua insegurança, sua falta de critérios.

Não preciso da sua aceitação, não quero mais participar dos seus jogos de poder, não admito mais golpes baixos de chantagem emocional, não me interessam suas repetições.

Ou me aceita ou me deixa.
Porque eu deveria continuar aceitando migalhas da vida?

Um pouco da amizade de fulano, um ombro amigo de ciclano, meio sorriso de beltrano?

Eu sou inteira, me dôo inteira, me faço inteira, e recebo migalhas?

Não obrigada, ou quero tudo ou não quero nada.




sexta-feira, 14 de março de 2008

Reflexivo pôr do Sol

A paisagem era reconfortante. Sentada ali, na grama do imenso vale que a rodeada ela pensava. O reflexo das montanhas na água, os pinheiros gigantes, o por do sol, a visão do infinito. Toda a natureza ao seu redor a fez parar.

O canto dos pássaros, o balançar das árvores, o dançar do vento, poucos eram os sons que rompiam com o silêncio.

O momento era de intenso movimento da vida no aparente estático vale.

Pequenas formigas levavam comida para dentro dos formigueiros, joaninhas descansavam a folha verde, pássaros bebiam a água do rio, peixes nadavam em busca de alimento. Pequenos porem notáveis movimentos do sopro da vida, enquanto ela nada fazia.

Os dias eram tão intensos normalmente. Telefone tocando, buzinas de carros, transito, cinco minutos para um café, meia hora de almoço, duas horas pra chegar em casa, quinze para se arrumar, seis horas de sono. Nunca da tempo de parar, de observar o fluxo natural da vida, de tomar aquele banho de banheira com espumas, fazer uma massagem para a pessoa amada, desfrutar de um suco natural no jardim, tomar sol na manhã de segunda feira...

O tempo parece não dar trégua a aqueles que acordam no arvorecer para trabalhar. O ritmo frenético abastece o consumo de coisas que nunca iremos usar. Palavras que tem o poder de machucar, atitudes que parecem desapontar.

Ali mesmo, sentada na grama do vale, ela parou. Visualizou seus erros ao contrario, imaginou a vida com menos horas marcadas, mais horas aproveitadas, mais tempo de sonhar.

Quão insignificante pareciam seus problemas.

Dentro de um consultório eles têm tanto valor. Tudo é aceitável, todos os sentimentos respeitados, todas as causas apontadas, tudo diagnosticável. Mas no infinito daquele lugar emerso por natureza, nada daquilo fazia sentido.

Por maior que fosse a decepção, a frustração, o medo, a vida não para. Não para justamente porque tudo isso passa. Quem não passa com a vida a próxima fase, vive do momento presente que já passou.

Ela inspirou a vida, entendeu.

Tudo o que não era luz, se dissolveu em nuvens que o vento carregou. Sua alma acalmou, e seu coração aprendeu.

quinta-feira, 13 de março de 2008

PEIXE FORA D’ AGUA

Até quando permitiremos que roubem nossos sonhos sem nos devolver à realidade de fantasia que vivemos ao dormir?
Porque será que deixamos que o mundo tão colorido e perfeito se torne um inebriado preto e branco sem fim?
Às vezes deixamos que os sentimentos primários negativos, como o medo, a raiva e ódio dominem nosso coração de maneira que a mente não consegue mais trabalhar em paz.
Sentimentos derivados destes como a frustração, a insegurança, o pavor, a magoa, o ressentimento tomam dimensões tamanhas, que na areia movediça da emoção, o ser humano começa a se mexer tão freneticamente que afunda.
O afundar na areia movediça da vida, é conseqüência do desespero. É o abrir mão da razão, do autocontrole e simplesmente se entregar a força externa que parece ser maior que os pequenos membros do corpo cansado.
Neste emaranhado de sentimentos mal resolvidos, a pergunta “o que será agora”, é inevitável. Tantas palavras que não foram ditas. Se eu tivesse pego aquele taxi, se não tivesse me envolvido com aquela pessoa, se eu tivesse telefonado para aquele amigo, se eu não tivesse mentido... São tantos “ses” que quanto mais se pensa, mais o cérebro recua.
Quando o medo predomina, você perde.
Perde de você mesmo para você mesmo. O universo perde porque você esta perdendo e você perde o universo porque ele não mais te compreende.
A perda a que me refiro, é a escolha por não ser feliz sendo o que se é. A PERDA DA CAPACIDADE DE AMAR. Quem escolhe perder, escolhe perder a companhia de pessoas agradáveis, de lugares bacanas, de oportunidades de trabalho interessantes, de criatividade, poder, alegria, sucesso, satisfação, amor, enfim, escolhe deixar de ganhar tudo o que esta disponível no universo de bom.
Ate quando tentaremos aceitar que esse mundo que foi criado pela influencia negativa, é aceitável? Ate quando justificaremos que o uso de drogas é natural para curar o que parece incurável? Ate quando fecharemos as portas dos relacionamentos para não nos machucarmos?
Escolhas. Sempre existem as escolhas.
Enfrentar ou fugir?
Levar em conta o mundo preto e branco ou levar em conta o mundo colorido.
Fechar os olhos é perder a chance de enxergar o que é belo. Há beleza em tudo o que há.
A beleza existe nos pequenos detalhes, numa folha que cai de uma arvore, numa atitude de gentileza, num perfume de flores, num sorriso, num gesto, numa amarelinha desenhada na rua, numa bolinha de sabão. O mundo esta disponível para todos, porém só enxerga o bem aquele em que consegue focar na beleza. Aqueles que focam no oposto perdem.
Ate quando você ficara se debatendo contra a vida?



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Mãe Onça




A mãe onça despertou para o seu interior com uma vontade imensa de sumir. Ela que há muito tempo não se via, não se escutava, não se cuidava, precisou quebrar a pata para se voltar a si mesma.
Ao contrario do que dizem os especialistas em cura e linguagem do corpo, este momento de ruptura seria o tempo ideal de a onça começar a colocar seus pensamentos em ordem e movimentar a vida a seu favor. Este era o tempo da mudança, da estrutura, da organização, tempo de parar.
Infelizmente na selva em que a mãe onça vive o tempo não para. Os animais devoram uns aos outros sem piedade e mãe onça mais uma vez adia seu comprometimento consigo mesma.
No tempo em que ela deveria pensar, ela age. No tempo em que ela deveria focar ela destoa. E na pausa que ela deveria se dar, ela se perde.
A onça não constatou imediatamente a chegada da noite. A sua volta tudo se tornou escuro, e ela se viu sozinha. Onde estavam as crias? O marido? Ela estava na selva escura, sozinha, com a pata machucada e sem comida.
A fome assolou a vida da mãe onça que não teve outra escolha se não pedir ajuda as crias e marido para se alimentar. Justo ela, animal arisco que nunca precisou de nada e ninguém pedindo ajuda para dilacerar um animal morto.
Mas engolir o orgulho não foi suficiente para a mãe onça, ela ainda não havia aprendido a lição que só tempo de parar lhe ensinaria. E como era de costume a mãe onça adiou, uma vez mais o que deveria fazer e ao invés de dar atenção a si mesma, aos seus sentimentos, sua família e a preservação de seu território na selva, ela ignora.
Se a mãe onça tivesse consciência das conseqüências de cada ato de sua vida, ela jamais ignoraria tais sinais que lhe foram enviados.
Porém a mãe onça ignorou e não só ignorou a si mesma como ignorou suas crias. As pequenas oncinhas cresceram sem referência, e se viravam na selva conforme podiam, devido à ausência da mãe.
A onça macho já havia abandonado a mãe onça e sua cria muito antes de tudo isso, o que só agravava ainda mais a situação.
Mas a mãe onça não esmoreceu e construiu seu ninho com suas criais e defendeu seu território. Ela sempre foi uma onça guerreira e batalhadora.
De uns tempos pra cá que a mãe onça mudou, apagou e foi perdendo a força. Ninguém sabe bem porque, mas ao não se conectar consigo mesma e aos seus filhotes, ela perdeu a capacidade de se relacionar e quando a família tinha uma idéia ela mudou os planos e depois que tinham um plano ela mudou de idéia.
A idéia da mãe onça contrapõe totalmente a da mãe coruja, porque ao contrario da coruja, a mãe onça ataca e dilacera.
As crias possuíam a ilusão de que um dia a sua casa na floresta seria respeitada e cuidada como deveria ser, mas a mãe onça abusava da água dos rios e da luz do sol, sem mencionar o seu descaso com os ossos de animais mortos espalhados pelo caminho bem como os buracos encravados pelo chão. Ilusões como estas ou até a de que um dia haveria critério em suas colocações, que distanciavam cada vez mais a família das onças.
A mãe onça nunca aprendeu a delegar nem administrar o próprio lar, mas quanto a isso as oncinhas não podiam interferir, pois convivendo com outras famílias percebiam que era uma deficiência de sua mãe.
Um belo dia, porém, como era de se esperar a mãe onça que de coruja não tem nada, ao invés de educar, acolher e aconselhar abandona a cria.
Não é a primeira vez que os papeis se invertem na família, onde filha é mãe e mãe é filha e pai é ausente.
Após longas seqüências de decepções que pareciam não tem fim nem volta, a atitude da mãe onça é a de pular fora.
No reino da selva onde não há regras, escrúpulos e o lema é a individualidade, a onça vira as costas para seus desafios de mãe e abandona o ninho.
As crias só poderiam ser feras e aredias. Uma mãe nunca deveria abandonar seu ninho, quem os abandona são os filhotes que cresceram, com ela aprenderam, e vão em busca de encontrar sua própria família.
Uma atitude que só seria justificada, caso a mãe onça tivesse encontrado uma onça macho forte e poderosa, e com ele fosse criar nova casa, para a nova família.
Atitude não justificada, a mãe onça abandona as crias, e deixa uma batata quente de lembrança juntamente com sua energia estagnada de anos a fio para que suas crias mais uma vez limpe a sujeira que ela deixou.
Mas a mãe onça está tão perdida que já nem sabia mais o que estava falando. No ímpeto de sua impotência, a conclusão que chegou foi à fuga da sua realidade. Mal sabia ela que não importa onde quer que se vá às mudanças só ocorrem dentro de nós, e que juntar um cordeiro a uma onça mãe não faz dele uma onça macho.