quinta-feira, 10 de julho de 2008

Metamorfose


Assistindo ao filme “Ligados pelo Crime”, o narrador da primeira historia pergunta:

“Será que a borboleta ao sair do casulo, tem consciência de quão bela ela é? Ou para si mesma ela continua sendo somente uma lagarta?”

Não sei reproduzir exatamente a frase, mas essa era a questão. Se a Borboleta teria algum tipo de consciência da sua transformação em um ser imensamente mais belo que uma lagarta.

Claro que não estamos falando da Borboleta particularmente, e sim de todos nós, seres humanos cheios de defeitos e imperfeições.

Fiquei me perguntando, quantos de nós, temos de fato consciência de nossa beleza... A beleza fundamental da nossa cultura de padronização com seus corpos magros e sarados, e rostos simétricos, e a beleza interior que celebra antiguidade da nossa alma, a clareza do nosso espírito.

Será que é somente a partir do outro, como já apontava Vigostski em seus textos, que entendemos o que somos e o que representamos? Será que sozinhos não conseguimos chegar a alguma conclusão?

Será que somos cegos ou irracionais como as Borboletas e não nos damos conta da contribuição da nossa beleza no mundo? Somente a partir do olhar do outro percebemos quão belas são nossas asas e para que elas servem?

Dizem que as borboletas vivem pouco,algumas um dia, não sei.
Como se eu fosse essa Borboleta e tivesse de fato somente um dia, deixarei o aconchego do meu casulo, confortável e seguro pra poder desvendar esses mistérios.

Se durante meu vôo eu decidir pairar sobre sua superfície, aprecie a beleza de minhas asas multicoloridas, e veja se consegue desvendar para que elas servem, enquanto pensa, levanto vôo novamente rasgando o ar de vermelho, de amarelo, de laranja, de violeta....

3 comentários:

N. Ferreira disse...

Também acho triste que nossa auto-imagem dependa tanto do olhar alheio... e no fundo acho que isso é verdade... só percebemos nossa existência porque eiste o outro para nos espelhar e confirmar que existimos de verdade (não é à toa que a solidão pode levar algumas pessoas à loucura).

Mas bom mesmo é atingir um estado em que nós nos damos conta de nossa evolução diária e atestamos, sem ninguém pra assinar embaixo: sou mais do que ontem, e muito menos que amanhã.

Amo :)

Flavia Melissa disse...

Fernanda-Borboleta!

unplugged disse...

"...beleza interior que celebra antiguidade da nossa alma, a clareza do nosso espírito."
Beleza, o índice de persuasão que de cada qual por seus quais.
Penso mais sobre a função desta.
A perpetuação da espécie.
Quando dois da mesma classe e do gênero oposto atingem a maturidade de reproduzir, buscam o qual que exibe a propensão à uma fértil prole.
No nosso caso, não somente pela atraência, mas sim também por estabilidade, compatibilidade e a aprovação do sogrão...

"Será que somos cegos ou irracionais como as Borboletas e não nos damos conta da contribuição da nossa beleza no mundo?"
Todos tem noção de sua beleza, os que não, são apáticos ao mundo ou algum trauma os impede, revogando-a. E os que não têm assimilam-a pela atitude do outro, enganados ou não.
E também o belo só é belo nas primeiras instâncias, depois se permanece belo ou não belo depende em virtude do uso de tal beleza.
Como dom de criação, geração, união.
Ou para destruição, corrupção, ostentação; que também têm seus índices de persuação.

Honre o belo em integridade e paixão de vida.