sexta-feira, 4 de julho de 2008

Diário Fábrica - Parte I


Estou de frente a uma porta de ferro, vermelha, bem pesada e com tranca.
Faço esforço para abri-la, e dentro vejo uma sala, bem ampla, toda pintada de branco, pouco iluminada, e com três portas de madeira.
Escolho a do meio.
Esta porta abre para um corredor, um pouco estreito eu diria, e sem muita luz. Eu logo faço o teto todo se iluminar com uma luz fria, e aos poucos vão surgindo quadros na parede lateral esquerda.
O primeiro era de um artista que eu não reconheci, mas a obra me parecia famosa, em seguida veio “Guernica” de Picasso, o terceiro era um quadro abstrato de cores quentes, seguido de uma paisagem com árvores, montanhas e um lago, e o último era um caminho dentro de uma floresta. Todos bem iluminados com luzes individuais.
Ao final deste corredor mais uma porta. Eu abri, e alguns passos adiante, uma escada, descendo para um outro lugar. Um pouco mais escuro este caminho da descida, mas ainda visível ao caminhar.
Ao abrir esta porta uma parede de tijolos com uma fresta. Fiz um buraco nesta parede e vi que era uma janela. Empurrei com o braço que era tudo que cabia na fresta e o vidro da janela se abriu. Percebi que era possível sair, então quebrei muitos tijolos e consegui pular a janela. Ao lado de fora da casa, avistei um gramado bem grande, uma vista de campo, e uma pá ao lado.
Comecei a cavar um buraco na terra marrom clara. Ao cavar, não muito fundo encontrei uma chave. Uma chave antiga com ar imperial, dourada, grande e com formato de um coração todo trabalhado com um material que me parecia ouro. Guardei a chave e prosseguia meu caminho longe da casa, quando uma voz de comando, colocou três portas a minha frente.
Era como se o local onde eu estava houvesse sido paralisado por vidros blindados, e só houvesse a opção de escolher entre essas portas. Abri a da esquerda que se erguia no ar. Pensei que eu pudesse tomar o caminho para o alto, mas a voz comandou o contrario, e mesmo contra minha intuição de querer subir, eu desci mais uma vez.
A sala que cheguei possuía um alçapão no meio mais para a esquerda. Não me recordo do que havia na sala exceto o alçapão.
Abaixei para abrir essa pequena portinha de alumínio que estava colada ao chão, desci as escadas estreitas de costas para o porão. Este era repleto de objetos antigos, caixas uma em cima das outras, parecia uma garagem antiga de uma casa, repleta de memórias. Uma iluminação fraca em cada um dos cantos fazia uma penumbra lá dentro, algumas sombras, mas ainda era possível enxergar. Quase no meio desta sala a direita, mais uma porta.
Abri a porta de alumínio, com extrema facilidade, desci os degraus da escada estreita, e encostei os pés na areia. Ao lado havia uma passagem, virei e estava imediatamente em uma praia.
O dia estava lindo, ensolarado, quente e gostoso. Fui caminhando na areia branca e fofa em direção ao mar. Saldei Yemanjá, pedi permissão e entrei em suas águas. Mergulhei sem pensar, nem precisei ir caminhando sobre a areia ate que estivesse submersa, eu simplesmente me atirei ao mar.
Ao fundo viam-se muitos objetos antigos nos quais poucos eu saberia identificar o que era, fui saindo de costas para areia, e ao virar o corpo encontrei uma chupeta de cor magenta, quase nova, a mesma que usei na imaginação para escrever o roteiro de um curta metragem chamado “Diante do Mar”. Eu segurei a chupeta surpresa por tê-la reconhecido.
Um pouco mais adiante, mas ainda na beira do mar comecei a cavar, ainda onde a areia é molhada. Próximo a superfície eu encontrei um baú, antigo, preto, pequeno, me lembrava antigos baús de piratas, com aqueles detalhes em madeira e metal. O baú estava trancado, e eu usei a minha chave imperial para abri-lo. Funcionou. Ali dentro forrado com um tecido de veludo vermelho estava um diamante lapidado. Enorme, lindo e reluzente.Coloquei a chupeta dentro do baú junto com o diamante, tranquei novamente e guardei pra mim.


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