sexta-feira, 14 de março de 2008

Reflexivo pôr do Sol

A paisagem era reconfortante. Sentada ali, na grama do imenso vale que a rodeada ela pensava. O reflexo das montanhas na água, os pinheiros gigantes, o por do sol, a visão do infinito. Toda a natureza ao seu redor a fez parar.

O canto dos pássaros, o balançar das árvores, o dançar do vento, poucos eram os sons que rompiam com o silêncio.

O momento era de intenso movimento da vida no aparente estático vale.

Pequenas formigas levavam comida para dentro dos formigueiros, joaninhas descansavam a folha verde, pássaros bebiam a água do rio, peixes nadavam em busca de alimento. Pequenos porem notáveis movimentos do sopro da vida, enquanto ela nada fazia.

Os dias eram tão intensos normalmente. Telefone tocando, buzinas de carros, transito, cinco minutos para um café, meia hora de almoço, duas horas pra chegar em casa, quinze para se arrumar, seis horas de sono. Nunca da tempo de parar, de observar o fluxo natural da vida, de tomar aquele banho de banheira com espumas, fazer uma massagem para a pessoa amada, desfrutar de um suco natural no jardim, tomar sol na manhã de segunda feira...

O tempo parece não dar trégua a aqueles que acordam no arvorecer para trabalhar. O ritmo frenético abastece o consumo de coisas que nunca iremos usar. Palavras que tem o poder de machucar, atitudes que parecem desapontar.

Ali mesmo, sentada na grama do vale, ela parou. Visualizou seus erros ao contrario, imaginou a vida com menos horas marcadas, mais horas aproveitadas, mais tempo de sonhar.

Quão insignificante pareciam seus problemas.

Dentro de um consultório eles têm tanto valor. Tudo é aceitável, todos os sentimentos respeitados, todas as causas apontadas, tudo diagnosticável. Mas no infinito daquele lugar emerso por natureza, nada daquilo fazia sentido.

Por maior que fosse a decepção, a frustração, o medo, a vida não para. Não para justamente porque tudo isso passa. Quem não passa com a vida a próxima fase, vive do momento presente que já passou.

Ela inspirou a vida, entendeu.

Tudo o que não era luz, se dissolveu em nuvens que o vento carregou. Sua alma acalmou, e seu coração aprendeu.

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