sexta-feira, 28 de março de 2008

“Vai ver se estou lá na esquina devo estar”

Antigamente eu acharia normal entrar no MSN todo santo dia, e conversar com os contatos on.line como se eles fizessem parte da minha vida.

Recebia convites do Orkut para comemorar o aniversario de não sei quem, um comentário de venha assistir minha peça de não sei quem mais, enfim... Achava que essa falsa sensação de aproximação era real.

Resolvi parar.

A princípio quando eu deixei de entrar no MSN foi por razoes técnicas, a internet não estava funcionando bem. Avisei a todos os amigos próximos para me ligarem ou mandarem mensagens de texto caso quisessem entrar em contato. Você me ligou? Nem eles.

Parei de entrar no MSN, entrava no Orkut uma vez por semana, e comecei a perceber a realidade. A realidade é o comodismo das pessoas acharem que uma conversa virtual é o que vale a uma conversa pessoalmente. Te garanto, não é.

Calma, não sou contra, acho a tecnologia fantástica, adoro poder conversar com amigos que estão no exterior, primos que moram no interior, gosto sim, mas não pude deixar de perceber o que houve.

As pessoas desapareceram da minha vida.

Aos poucos não fui mais convidada a sair. De vez em quando um convite aqui outro ali, pra na realidade não deixar aquelas pessoas com peso na consciência já que elas saiam juntas por combinar via internet e eu não. Estava num período complicado não saia de dia de semana devido ao trabalho e no final de semana só queria sossego, o que de fato me dava poucas opções. Juntando ao fato de estar namorando então, as possibilidades de saídas estavam ficando cada vez mais restritas, e de uma hora para outra meu telefone nunca mais tocou.

Outro dia resolvi entrar no MSN. Pra que? Um ex namorado me perguntou se estava tudo bem, sinceramente, que te importa? Vá ver se estou na esquina devo estar tchau.

Um amigo que considero muito nem me cumprimentou, outro que não vejo a séculos quis saber como anda meu trabalho, que trabalho? Outras pessoas se resumiram a oi e tchau.

O restante dos 25 contatos on.line simplesmente não perceberam minha presença. Porem todos aqueles que conversaram comigo, mencionaram o fato de não me verem mais on.line há tempos. Por que será?

Estou mesmo decepcionada com os seres humanos, estamos cada vez mais vivendo nos nossos “mundinhos “, nos fechando em nossos computadores e virando as costas para o contato físico.

Já ouviu falar em piquenique? Andar de bike no parque? Passear na paulista? Ir ao teatro? As pessoas não fazem mais essas coisas. Elas entram no MSN e conversam ali, por meio de palavras escritas que não passam de palavras escritas e acreditam piamente que aquilo ali é real, “você não acredita no que fulano me disse hoje”, “Vi o Nick de beltrano e ele já voltou do Rio”??? ahhhh?? Eu nem sabia que ele tinha ido.

O telefone esta fora de moda, quando as pessoas querem se encontrar elas te deixam um scrap no Orkut ou perguntam via MSN, mesmo que o convite seja uma visita a um templo budista.

Falsa proximidade, falsa sensação de preenchimento, isso que esta virando essas conversas virtuais, to fora, se eu entrar no MSN estou ausente!

Mas você pode ver se estou na esquina, devo estar

Tchau.




quarta-feira, 19 de março de 2008

Migalhas da Vida



Critique a vontade, sou assim e pronto.

Se eu estabeleço metas, traço objetos e penso racionalmente porque você simplesmente não aceita o fato e para de me encher?

Não sou como você, se era isso que esperava de mim eu sinto muito.

Eu penso, falo e ajo nessa ordem. Às vezes impulsivamente pensando enquanto falo, mas que culpa tenho eu que meu raciocínio é rápido? Se você precisa pensar antes de falar problema é seu.

Que eu posso fazer, se enquanto você vem com a farinha, eu já separei todos os ingredientes, já bati a clara, montei a receita, coloquei no forno e estou partindo o primeiro pedaço do bolo? Vou ficar esperando a farinha a vida toda, ou posso comer meu bolo em paz?

To cansada das suas pitadas de carinho e colheres de opressão. Já enjoei do meio copo de compreensão e jarras de discórdia.

Os seres humanos são diferentes ponto. São únicos e exclusivos no mundo justamente pra que cada um coloque o que quiser dentro da própria receita da vida.

Na minha receita não cabe mais medo, indiferença, falta de comunicação, depressão, insatisfação, ódio, rancor, raiva, magoa... não cabe mais!, e se cair alguma coisa no meu prato que sejam as pitadas inevitáveis que a vida leva e trás, do contrario sai pra La com seu mau humor, sua insegurança, sua falta de critérios.

Não preciso da sua aceitação, não quero mais participar dos seus jogos de poder, não admito mais golpes baixos de chantagem emocional, não me interessam suas repetições.

Ou me aceita ou me deixa.
Porque eu deveria continuar aceitando migalhas da vida?

Um pouco da amizade de fulano, um ombro amigo de ciclano, meio sorriso de beltrano?

Eu sou inteira, me dôo inteira, me faço inteira, e recebo migalhas?

Não obrigada, ou quero tudo ou não quero nada.




sexta-feira, 14 de março de 2008

Reflexivo pôr do Sol

A paisagem era reconfortante. Sentada ali, na grama do imenso vale que a rodeada ela pensava. O reflexo das montanhas na água, os pinheiros gigantes, o por do sol, a visão do infinito. Toda a natureza ao seu redor a fez parar.

O canto dos pássaros, o balançar das árvores, o dançar do vento, poucos eram os sons que rompiam com o silêncio.

O momento era de intenso movimento da vida no aparente estático vale.

Pequenas formigas levavam comida para dentro dos formigueiros, joaninhas descansavam a folha verde, pássaros bebiam a água do rio, peixes nadavam em busca de alimento. Pequenos porem notáveis movimentos do sopro da vida, enquanto ela nada fazia.

Os dias eram tão intensos normalmente. Telefone tocando, buzinas de carros, transito, cinco minutos para um café, meia hora de almoço, duas horas pra chegar em casa, quinze para se arrumar, seis horas de sono. Nunca da tempo de parar, de observar o fluxo natural da vida, de tomar aquele banho de banheira com espumas, fazer uma massagem para a pessoa amada, desfrutar de um suco natural no jardim, tomar sol na manhã de segunda feira...

O tempo parece não dar trégua a aqueles que acordam no arvorecer para trabalhar. O ritmo frenético abastece o consumo de coisas que nunca iremos usar. Palavras que tem o poder de machucar, atitudes que parecem desapontar.

Ali mesmo, sentada na grama do vale, ela parou. Visualizou seus erros ao contrario, imaginou a vida com menos horas marcadas, mais horas aproveitadas, mais tempo de sonhar.

Quão insignificante pareciam seus problemas.

Dentro de um consultório eles têm tanto valor. Tudo é aceitável, todos os sentimentos respeitados, todas as causas apontadas, tudo diagnosticável. Mas no infinito daquele lugar emerso por natureza, nada daquilo fazia sentido.

Por maior que fosse a decepção, a frustração, o medo, a vida não para. Não para justamente porque tudo isso passa. Quem não passa com a vida a próxima fase, vive do momento presente que já passou.

Ela inspirou a vida, entendeu.

Tudo o que não era luz, se dissolveu em nuvens que o vento carregou. Sua alma acalmou, e seu coração aprendeu.

quinta-feira, 13 de março de 2008

PEIXE FORA D’ AGUA

Até quando permitiremos que roubem nossos sonhos sem nos devolver à realidade de fantasia que vivemos ao dormir?
Porque será que deixamos que o mundo tão colorido e perfeito se torne um inebriado preto e branco sem fim?
Às vezes deixamos que os sentimentos primários negativos, como o medo, a raiva e ódio dominem nosso coração de maneira que a mente não consegue mais trabalhar em paz.
Sentimentos derivados destes como a frustração, a insegurança, o pavor, a magoa, o ressentimento tomam dimensões tamanhas, que na areia movediça da emoção, o ser humano começa a se mexer tão freneticamente que afunda.
O afundar na areia movediça da vida, é conseqüência do desespero. É o abrir mão da razão, do autocontrole e simplesmente se entregar a força externa que parece ser maior que os pequenos membros do corpo cansado.
Neste emaranhado de sentimentos mal resolvidos, a pergunta “o que será agora”, é inevitável. Tantas palavras que não foram ditas. Se eu tivesse pego aquele taxi, se não tivesse me envolvido com aquela pessoa, se eu tivesse telefonado para aquele amigo, se eu não tivesse mentido... São tantos “ses” que quanto mais se pensa, mais o cérebro recua.
Quando o medo predomina, você perde.
Perde de você mesmo para você mesmo. O universo perde porque você esta perdendo e você perde o universo porque ele não mais te compreende.
A perda a que me refiro, é a escolha por não ser feliz sendo o que se é. A PERDA DA CAPACIDADE DE AMAR. Quem escolhe perder, escolhe perder a companhia de pessoas agradáveis, de lugares bacanas, de oportunidades de trabalho interessantes, de criatividade, poder, alegria, sucesso, satisfação, amor, enfim, escolhe deixar de ganhar tudo o que esta disponível no universo de bom.
Ate quando tentaremos aceitar que esse mundo que foi criado pela influencia negativa, é aceitável? Ate quando justificaremos que o uso de drogas é natural para curar o que parece incurável? Ate quando fecharemos as portas dos relacionamentos para não nos machucarmos?
Escolhas. Sempre existem as escolhas.
Enfrentar ou fugir?
Levar em conta o mundo preto e branco ou levar em conta o mundo colorido.
Fechar os olhos é perder a chance de enxergar o que é belo. Há beleza em tudo o que há.
A beleza existe nos pequenos detalhes, numa folha que cai de uma arvore, numa atitude de gentileza, num perfume de flores, num sorriso, num gesto, numa amarelinha desenhada na rua, numa bolinha de sabão. O mundo esta disponível para todos, porém só enxerga o bem aquele em que consegue focar na beleza. Aqueles que focam no oposto perdem.
Ate quando você ficara se debatendo contra a vida?